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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Eu sabia

eu sabia que estrela nascia sem a gente ver,
sabia que o beijo também nascia sem a gente ver
e sabia que a poesia nascia sem a gente ver.

eu sabia que a escuridão nascia sem a gente ver,
mas que no fim quando eu te encontro sentado na cama
do quarto, de olhos fechado sem me ver,
é que no silencio com o amor que tinha nascido,
sem a gente ver, porque o amor também é cego.

As grandes aspirações medíocres

Escrevera o sumo da sabedoria vulgar,
lexemas banhados pela mais pura moral,
elevados ao mais alto patamar da filosofia universal,
com o sangue das prostitutas que deflorara em pensamento.

Desenhara o mapa do conhecimento secular,
com ferramentas nazistas de tortura,
delineara toda boa educação,
com todas a tintas da asneira.

Vivera em mais estúpido subalterno sentimento de vazio,
contrariando todas as leis da natureza violenta,
ordenando a cada um de seu covil,
que dançasse em agonia parasitária.

Fora um filósofo do horror,
descrevera como ninguém a própria estupidez,
negara a si o direito da vida,
justamente porque tinha uma náusea de morrer:
era um pobre ser assustado demais com a própria insignificância,
coisa que qualquer criança,
já passara a esquecer...

sexta-feira, 13 de maio de 2011

De mim

objetivamente, não sei quem sou.
subjetivamente, há todo um mistério curioso.
pinga uma palavra aqui, escorre outra por a cá,
se é de poesia, não precisa umidecer.
deixe que queimem,
que rasguem e que atropelem.
deixe que berrem: amanhã o dia já veio.