Páginas

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ego

Eu sou filha de mim.
Criada pela revolta,
pela anarquia,
pelo coração do mundo.

Eu sou filha de mim:
meu ventre a mim pertence,
seus frutos ao mundo pertencerão.

Eu sou filha de mim,
do meu sangue, do meu osso,
da minha carne e de meus pensamentos.

Nunca conheci ninguém que se pertencesse tanto quanto eu me pertenço. 
Meus pais me fizeram, mas, eu sou de mim desde que nasci.
Eu me possuo: -- Eu... sou filha de mim.

sábado, 29 de janeiro de 2011

E a finalidade da vida é a própria vida. Não deve haver mistificação nesse ponto de chegada ou nesse ponto de partida. São cinco sentidos vinculados a um cérebro, um órgão vital para o processamento de informações subjetivas ou objetivas.O cérebro também confere uma possibilidade de criação, um enorme diálogo sensorial que estabeleceu e estabelece um consensus e juízos de valores que provocam interlocuções, inclusive com a ausência - o silêncio também fala. É mister não atribuir à vida valores discrepantes: Essa coisa icônica, metafísica, que transforma a vida numa penitência da liberdade, um pagamento a uma dívida que nunca existiu. Ninguém precisa "pré-pagar" a vida. Ela é sua finalidade, uma explosão Severina, um fio, um rio. Porque "viver é ir entre o que vive."

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Foi assim que começou, da mesma maneira que terminou: Uma vereda difícil.
Não foi amor, foi amor. E quem saberia ou jamais saberá?
Aquela garota tem lágrimas do lado de fora de seus olhos, seus desesperos são vivos.
Aquele garoto tem lágrimas do lado de dentro de seus olhos, seus desesperos são inventados.
Ninguém vai julgá-los e talvez sofram.
Mas, quem sabe as partes são maiores que o todo e eles dois fiquem bem?

Ah!, aquelas estrelas de Mário que se acenderam no universo com medo da escuridão...

sábado, 22 de janeiro de 2011

Não é um segredo

Há tempos descobri que não há sentido na vida e, posto que talvez a sua ausência - a ausência do sentido - seja imprescindível para se criar um sentido ou criar-se uma nova maneira de se viver - sem um sentido - tenho deliberado uma vida inventada, uma criação minha particular, uma transvaloração de morais e sentidos. Não tenho desejado mais a verdade em contraste com a mentira, não tenho desejado mais a vida em contraste com a morte. Tenho construído um novo ser-eu que serei. Tenho me descoberto e me amado cada vez mais e tenho descoberto também os outros que posso amar - muito embora sem descartar a dor dessa escolha. Se o ser precede o pensamento, e que o pensamento precede a existência, e que alguma coisa mais preceda qualquer coisa, eu tenho precedido eu que jamais me precederei novamente. A morte é uma tão dedaliana quanto a vida. Eu caminho em sua corda bamba, pendendo para vida e para a morte. Sem mais questionamentos, faço frente ao enigmático mistério da existência - pela primeira vez - não em busca de respostas ou de perguntas: pela primeira vez, eu contemplo o mistério por ele mesmo, pela sua beleza, pela sua função de sê-lo inequivocadamente -- inescrutável. 
(tls)