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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Das Horas

faltam-me palavras: a vida ela mesma tirou-me todas!
despiu-me e lavou-me, mandou-me continuar a caminhar. disse-me em alto e bom tom: "vai, segue a minha vereda - a vereda da vida!
sou vida - a vida - mulher que só se dá a guerreiros! sou inúmeras coisas:
dor, poder, amor, raiva, sabedoria, prudência, imundice! sou a morte crua!
eu rio de mim mesma, e tu também irás rir de ti! canoniza teu riso, mostra-me teus dentes!"
surpreendi-me com esta mulher tão cheia de si, forte em demasia, capaz de dizer-se morte....
então, ela contou-me um segredo: "tens vida? então virás a ser! ser é imprescindível, mais até que existir! podes dizer que um deus que não exista, deixará de ser um deus pelo simples fato de não existir? ouça, para que eu - a vida - não tenha que repetir: tens vida? então virás a ser! segura tua própria mão, e não solta! porque existir não é necessário! ser é."
e foi assim que cantou a vida para mim.

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