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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ybáca e o Apagão

Ybáca retornava à sua casa por volta das 23h, quando houve o apagão. Ela achou maravilhoso o fato de subir as escadarias em completa escuridão, sentiu-se infinitamente nua e excitada a cada degrau que percorria. Apenas somos senhores e senhoras de nós mesmos frente a escuridão que nos cerca, embora nós estranhamente tenhamos hasteado pseudo-estrelas em postes. O céu do universo era profundo como o ventre metafísico da criação, não havia nenhum deus lá, só as trevas e a sensação. Ybáca subiu vagarosamente, como mulher que sentencia o pênis a adentrar em sua vagina - porta de entrada e saída triunfal do profano nascimento - vida. Suas pernas tremiam em êxtase, pois ela não podia ver onde pisava, tal qual fazem os incautos moderadores da vida, que se esforçam continuamente em explicá-la e doutriná-la para uma "força", uma "superação", quando de fato a força e a superação é a própria vida. Quando Ybáca chegou à sua casa, abriu a porta e foi tomar banho, estava toda suada e gozada da escuridão. Não houve eletricidade durante cinco horas, e foram as cinco horas mais bem dormidas de Ybáca: pós coito consigo.

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