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sábado, 19 de junho de 2010

Ela entrou naquela sala, mirou pela enésima vez aquela estante enorme, grávida de livros. Ela também estava grávida, gestante de uma enorme solidão que precisava parir - e partir. A gravidade sempre aumenta dez vezes o que a gente tem de massa. Isso nos finca no chão como pedra que somos, como mineral irresoluto. Ela estava vasculhando por algo, um livro que a contasse o segredo do universo mas que fosse leve como o céu.  E havia aquela canção japonesa não a deixava em paz, ressoava na cabeça dela, a música que falava sobre "florescer com rancor": O desabrochar da flor, pede à Deus e reza. O mundo em que vivo, minha existência: são desalentadores, mas o sonho não morre. Floresce com rancor.

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